Enfim, depois de muito considerar, hoje pela manhã decidi: sou contra o gravador.
Grande ou pequeno, analógico ou eletrônico, escondido ou às vistas de todo mundo: soy contra.
Os motivos são muitos: primeiro por que é estranhíssimo escutar a própria voz gravada. Já ouvi, nem parece a minha própria voz, sai mais fina, mais anasalada, um arremedo de mim mesmo.
E essa sensação não é só minha não. Pra quem mora no Brasil, noticio que aqui no Rio Grande do Sul tem uma CPI na qual gravações telefônicas de políticos importantes têm sido reproduzidas a torto e a direito. Dia desses um dos tais políticos, com essa mesma minha sensação, negou que a voz que soava nos alto falantes fosse a dele. Pegou mal. Negou o óbvio, ninguém lembrou que ele poderia estar sendo sincero ao ser deparado à estranheza da própria voz.
Outro problema que encontro nos gravadores é que eles acabam comprometendo a gente com as coisas que a gente diz. Fica como se cada frase fosse pontuada com a assinatura de quem fala, num contrato que se inicia no nascimento com vida e termina no último suspiro.
Convenhamos que assim não dá. Acaba que temos que ser coerentes o tempo todo, e isso é tarefa pra gente muito honesta, incompatível com várias atividades, notadamente com a vida pública.
Essa mania de ficar gravando o que as pessoas dizem joga um governo de estado inteiro no caos, as coisas não andam, o garantido de muita gente desaparece, páginas e páginas de jornal, tumulto, quebra-quebra.
Isso exige o fim dos gravadores.
Senhores repórteres de rádio, me perdoem, eu sei que a coisa assim fica mais trabalhosa, mas é um sacrifício necessário.
Pelo bem do Estado, não gravem mais nada.
Grande ou pequeno, analógico ou eletrônico, escondido ou às vistas de todo mundo: soy contra.
Os motivos são muitos: primeiro por que é estranhíssimo escutar a própria voz gravada. Já ouvi, nem parece a minha própria voz, sai mais fina, mais anasalada, um arremedo de mim mesmo.
E essa sensação não é só minha não. Pra quem mora no Brasil, noticio que aqui no Rio Grande do Sul tem uma CPI na qual gravações telefônicas de políticos importantes têm sido reproduzidas a torto e a direito. Dia desses um dos tais políticos, com essa mesma minha sensação, negou que a voz que soava nos alto falantes fosse a dele. Pegou mal. Negou o óbvio, ninguém lembrou que ele poderia estar sendo sincero ao ser deparado à estranheza da própria voz.
Outro problema que encontro nos gravadores é que eles acabam comprometendo a gente com as coisas que a gente diz. Fica como se cada frase fosse pontuada com a assinatura de quem fala, num contrato que se inicia no nascimento com vida e termina no último suspiro.
Convenhamos que assim não dá. Acaba que temos que ser coerentes o tempo todo, e isso é tarefa pra gente muito honesta, incompatível com várias atividades, notadamente com a vida pública.
Essa mania de ficar gravando o que as pessoas dizem joga um governo de estado inteiro no caos, as coisas não andam, o garantido de muita gente desaparece, páginas e páginas de jornal, tumulto, quebra-quebra.
Isso exige o fim dos gravadores.
Senhores repórteres de rádio, me perdoem, eu sei que a coisa assim fica mais trabalhosa, mas é um sacrifício necessário.
Pelo bem do Estado, não gravem mais nada.