Com o tempo os homens vão aperfeiçoando o seu gosto para os vinhos. Para as mulheres também... Normalmente quando se é criança, o vinho ideal é o suco de uva, cheio de açúcar com um vermelho vivo... e quanto mais vivo for o vermelho, mais gostoso o “vinho”. Com o tempo, aparecem os brancos, descobre-se a diferença entre os açúcares, as cores, a graduação. O mesmo acontece para a mulher... Com o tempo, descobre-se que a mulher é bem mais do que a garrafa. Ainda assim, alguns ainda preferem a cerveja.
Normalmente a primeira mulher amada, ainda na infância, é aquela da escola. Loirinha, bonitinha, fofa... Olhos claros, pernas fininhas e ar angelical. Ela certamente é o nosso suco de uva. Aquele que é adorado por todos nessa idade... e que com o tempo fica para trás. Descobre-se que suas notas são comuns, algumas delicadas e admiráveis, no entanto, superficiais.
Acredito que na adolescência se descobrem os vinhos tintos jovens, aqueles pelos quais ficamos fascinadas ainda pela cor e pelo primeiro sabor que nos oferece a boca. Assim como as mulheres. Procuramos as mais lindas, mais populares e a aparência ainda é o suficiente pra tirar-nos o sono. Descobrimos o Pinot Noir, o Merlot. Infelizmente o tempo desses vinhos é limitado. Com o tempo eles ficam oxidados e perdem o melhor deles. Não está proibido de encontrarmos um Beaujolais Noveau, um vinho inesquecível. Certamente vamos passar por grandes vinhos e não vamos saber aprecia-los, no entanto, insisto que o que nos chamará a atenção será a cor e pelo primeiro sabor.
Um pouco mais tarde faremos duas descobertas grandes. Os vinhos brancos e os aromas dos vinhos. É aquele momento em que nos libertamos da aparência. É claro que ainda ficamos fascinados pela coloração, mas descobriremos que a coloração mais forte não significa obrigatoriamente qualidade. Cuidado com as aparências é a principal lição que aprendemos a custa de muita ressaca. Com as mulheres passamos a valorizar o que elas nos fazem, mais ainda é superficial, não chegamos ainda ao fundo, ao que importa, nos vinhos e nas mulheres. Nesse momento, quando temos sorte, conhecemos um Chardonay ou um Moscatel, sua doçura natural e seu frescor.
Um belo dia a gente vai entender que o vinho é bem mais do que o primeiro sabor que vem a boca. O vinho tem uma história, terra, notas, acidez, uma família e várias vidas por trás. Nesse momento descobrimos que, quando nos apaixonamos, nos apaixonamos por muitas coisas além do primeiro sabor, das mulheres e do vinho. Normalmente percebemos que a força das mulheres é algo a ser valorizado... do vinho também. O aroma do Malbec e as notas marcantes do Carmener são as pedidas para acompanhar mulheres que nos ensinam as lições que levaremos para toda a vida. Passamos então a procurar o vinho perfeito... o vinho de nossa vida. Passamos a vida inteira procurando. Quanto às mulheres, passamos a pensar em encontrar aquela que vai provar os vinhos com a gente. Algumas mais secas outras mais fortes. Gewürztaminer, ou outro Riesiling vão nos fazer entender que não existe um vinho igual ao outro, não há garrafa igual a outra.
Já na idade adulta, com a maturidade, finalmente chegamos aos melhores vinhos. A idade, a vida nos proporcionou provarmos vários. Assim como as mulheres. Normalmente nessa idade já temos idéia do que queremos. É a hora de harmonizar.... comida, vida... vinhos e mulheres. Já estamos vivendo o nosso momento e, então, conseguimos, com sorte e talento, a mulher da nossa vida. Aquela com quem vale a pena dividir um bom branco... tipo um Chablis ou um Sauvignon Blanc. Nos momentos felizes, um Mersault ou um Pinot Meunier da região de Champange, vão acompanhar a vida dos dois até a chegada de uma suave criança que vai enriquecer a vida do casal, como um bom tinto Valpolicella faz com uma boa refeição.
O vinho perfeito é a felicidade. Você nunca vai encontrar em uma garrafa... vai passar a vida procurando, mas estará certo de que um dia você vai encontrar e cada vez que provar uma alegria ou um vinho, vai sorrir e entender que a felicidade está sempre ao seu lado, dividindo o cálice contigo, ou até mesmo um copo de cerveja.
4 comentários:
Caraca, meu!!! Que texto!!! Com ele tive certeza do que eu já tinha certeza: não entendo nada de vinhos. Mas percebí que só entendo de mulheres. Todas elas são lindas e perfeitas; basta beber a dose exageradamente certa.
Mais uma vez você me emocionou.
Bjo grande bom final de semana!!
Taíse
Quero, não, preciso complementar meu post anterior. Não apenas me emocionei com o texto do meu priminho, como concordo e assino em baixo. É assim com homens e mulheres... me vi em cada uma das fases relatadas por ele. O namoradinho da escola, as "aprendizagens" na adolescência, as voltas com um amor maduro. Mas, Ti, perdão, eu prefiro ceva, beeeeeem gelada.. Principalmente aqui na Bahia!!!
Bjão...
E tem aqueles que gostam mesmo é de uísque.
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