segunda-feira, 30 de junho de 2008

A lenha do homem do contra.


Domingo, 22 de junho de 2008. Reunião em Ipanema, Zona Sul de Porto Alegre, amigos, pizza, jogos, um garrafão de vinho.
Entre quatro e cinco da manhã o cansaço bate, despede-se o pessoal, bota no carro, minha senhora, minha irmã, um casal de amigos: cinco pessoas.
Não estou bêbado, três-quatro cálices de vinho, pra espantar o frio. Leve euforia, rubor no rosto.
Venho pela Terceira Perimetral, quatro motoqueiros passam por mim, passa um outro carro, logo estamos quase na Bento Gonçalves quando olho a frente e uma série de cones de sinalização fecham a rua. Não entendo bem o que está acontecendo, do meu ponto de vista, não tinha por onde passar. O carro que vinha logo na frente parou também e já começa a dar ré. Eu, parado, quando me dou conta que é a Brigada Militar, recebo um sinal de pode passar, para o outro carro, por favor, encoste.
Era uma blitz, no primeiro fim de semana da polêmica lei que determina que motoristas não podem apresentar absolutamente nenhum teor alcoólico no sangue.
Eu passei. Todos os policiais estavam ocupados com as quatro motos e mais o desavisado que vinha na minha frente e que, com sua ré, chamou mais atenção do que eu. Na segunda seguinte leio que 45 pessoas, em todo Estado, haviam sido presas por estarem na mesma situação do que eu, só que com bem menos sorte.
Me parassem eu estava preso e com a CNH suspensa, isso seria um contratempo terrível, pois estou na iminência de mudar para uma cidade, trabalhar em outra e ter a esposa trabalhando em uma terceira, sendo que só eu tenho habilitação para dirigir.
Mas quer saber.
Teria sido muito bem-feito.
Isso porque a Lei é boa.
Tenho visto uma descrença total na mesma, a imprensa caceteia horrores (Será que é porque a publicidade de bebida alcoólica sustenta os meios de comunicação?), polícia tem que prender é bandido.
Concordo.
Mas dirigir bêbado é banditismo. Digo porque sei. Já muito dirigi bêbado e não acho isso nada bonito. Sei exatamente em que condições eu estava cada uma das vezes em que bebi, pouco ou muito e saí a dirigir.
Já até me envolvi em acidente, danos materiais.

Não fui multado, nem preso, tampouco tive a CNH apreendida, mas decidi: mesmo que derrubem a Lei, que a tornem mais branda, não bebo mais absolutamente nada antes de dirigir.
Podem me cobrar

2 comentários:

Tiago Paixão disse...

Vamos lá... sempre tenho que comentar a lenha.

Sobre a lei... concordo com tudo o que o cara disse... Sou um cara absolutamente experiente da área. Bebo bem mais do que deveria. Adoro uísque que é uma bebida especialmente capaz de inebriar o vivente. Em caso de mistura com a direção, transforma facilmente em morrente. Ainda assim me gabo de dizer que não guio bêbado. Me nego mesmo... entrego o carro pra algum amigo que não tenha tomado logo que começo... já entrego a chave e digo... nem que eu te pedir tu me devolve. De qualquer sorte.

Infelizmente o excelente texto tem algo que mancha o brilhantismo do mesmo. Acho uma leviandade tu dizer que a mídia é contrária por causa de patrocínio... Como causídico tu deverias saber que já já há uma série de restrições legais a publicidade de bebidas alcólicas. E acredite, muito pouco do bolo publicitário... Acontece que apesar de algumas pessoas não gostarem, vivemos em uma democracia... a imprensa tem gente que concorda com a Lei e gente que não concorda... Muita gente acha que é rigorosa demais, jogando o diabo do bom senso pro inferno... Eu gosto de me apegar aos números, por isso sou favorável a lei... pois depois que entrou em vigor, diminui o número de acidentes... mas se fosse contra... iria ficar puto com uma insinuação dessas

Marcelo Ribeiro disse...

A campanha sistemática contra a Lei me faz cogitar a hipótese.

Tem jornalista sério, que respeito e a quem escuto todos os dias que está movendo campanha sistemática.

E quando quase todos os jornalistas de uma empresa repetem uma opinião um tanto quanto distanciada do bom senso eu fico desconfiado: "aí tem!"

Não afirmo, mas chamo à reflexão.

Será?

Será?