Hoje é lenha mesmo.
Ouço no rádio que determinada rede de supermercados está promovendo um abaixo-assinado contra o trabalho escravo no Brasil.
Abaixo-assinado sempre me lembra os tempos de escola. Este inútil instituto geralmente surgia quando colocavam um professor que desagradava a turma, fosse por ser mau, fosse, às vezes, por ser bom demais. Fato é que sempre tinha um aluno, dotado de genuíno espírito de liderança, para promover um abaixo-assinado no intuito de remover dito mestre, o que invariavelmente não sensibilizava as nossas saudosas Irmãs da Ordem de São José, resultado: dava em nada.
A propósito, o gênio do espírito de liderança geralmente também dava em nada.
Mas em prosseguimento, mesmo nas rudimentares mentes da qual dispunhamos em nossos floridos anos de escola eram capazes de conceber que o abaixo-assinado se presta para manifestar insatisfação contra uma situação legítima e consolidada (no caso a nomeação do professor) e com a qual nos inconformávamos, fosse por motivo justo ou injusto.
Assim, caros leitores, promover abaixo-assinado contra a escravidão (o que convenhamos não se trata de situação legitima já faz mais de cem anos) é de uma ingenuidade da qual nem o mais imberbe líder estudantil seria capaz.
A anacrônica proposta se equivale a promover abaixo-assinado em face de homicídios, latrocínios, tortura ou qualquer outro crime previsto em lei.
Bom, feita a análise, lá vem a paranóia:
Esta rede multinacional é um dos principais clientes dos corredores e das salas de audiência da Justiça do Trabalho. São dezenas de processos diariamente promovidos por seus funcionários e ex-funcionários, que trabalham muito, ganham pouco, são submetidos a jornadas extraordinárias, etc, etc, etc, nos dizeres mais direcionados para o lado esquerdo, são os escravos da era moderna.
Captaram a idéia?
Aposto um cafezinho como em sede de defesa, nas inúmeras demandas laborais, dita rede vai usar esse abaixo-assinado como comprovação de sua responsabilidade social e, me perdoem o vocabulário, o escambau. Um belo argumento de defesa, endossado por quem, caros leitores?
Pelos clientes que vão lá, ingenuamente, apor suas preciosas assinaturas no nefasto abaixo-assinado.
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